Atenção e acompanhamento dos pais são decisivos na vida escolar
O projeto "Ciranda de Pais" faz integração entre escola e família como forma de melhorar desempenho dos alunos
Fortalecer e enriquecer as relações entre a família, a escola e a comunidade é o objetivo do projeto Ciranda de Pais, apresentado no dia 05 de julho na reunião do Núcleo de Instituições de Ensino Superior (NIES) do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), instituição ligada ao Serviço Social da Indústria (Sesi).
O projeto foi desenvolvido a partir dos resultados coletados na pesquisa de doutorado da professora Cristiane Arns de Oliveira, que atua há mais de 20 anos na área de educação, e tinha como tema “Família, Escola, Aprendizagens Escolares nos meios populares”. Por meio desse estudo, realizado com dados de 120 pais do município de Pinhais em 2008, a pesquisadora pode levantar a relação que existe entre a família e a progressão de um aluno na escola.
O ponto a ser estudado era porque crianças da mesma turma e com as mesmas condições tinham desenvolvimento escolar diferente e mesmo estudando na mesma escola e professor. Entre os pontos levantados, a pesquisa revelou que quanto maior o tamanho da família maior a tendência ao fracasso dos filhos na escola. Outra característica apontada era que quanto maior a escolaridade dos pais, maior a tendência dos filhos terem êxito escolar.
De acordo com a pesquisadora, esses dados revelam que além de influenciar no desempenho dos alunos, a escolaridade dos pais também interfere no discurso deles no dia a dia com a criança. “Muitos pais levam os filhos na escola e nem sabem a real importância e diferença que isso faz na vida desse aluno. Esse foi o ponto que mais me surpreendeu, a diferença que faz o incentivo dos pais no dia a dia da criança em seu êxito na sala de aula”, explica Cristiane.
Por meio dessa pesquisa também foi possível estabelecer fatores de risco para o êxito e fracasso do aluno na escola. De acordo com os teóricos da área, Rutter e Garmezy, pode-se destacar os seguintes fatores de risco: discórdia conjugal; classe social de meio precário; família numerosa; falecimento parental; existência de violência familiar; entre outros.
Como fatores de proteção, Cristiane ressaltou contatos frequentes entre a escola e a família por iniciativa da família; apoio dos professores; desejo dos pais de ter um papel importante na escolaridade do seu filho; a construção de limites familiares claros definindo os papéis específicos de cada um dentro do contexto familiar; e participação frequente dos pais nas atividades dos filhos e não somente nas atividades escolares.
A partir disso, foi criado o projeto Ciranda de Pais que tem como objetivo desenvolver as competências e habilidades dos pais em relação as suas estratégias e práticas educativas, favorecer a permanência e continuidade do aluno na escola e criar estratégias de prevenção relacionadas à violência, às drogas e à delinquência junto com a família prevenindo ou trabalhando com os fatores de risco face.
A Ciranda de Pais é realizada mensalmente, um sábado por mês que totalizam 24 horas no ano. A programação consiste na acolhida dos pais na escola em que são montados grupos pequenos com dois mediadores para estimular a reflexão e diálogo entre os pais sempre anotando os comentários dos ais para análise posterior. O encerramento é feito com todos e os pais são convidados a falarem para o grupo sobre suas experiências.
O trabalho da Ciranda de Pais é feito por voluntários e acontece por meio de parcerias com as escolas, a Polícia Militar, os jovens da PJM do Colégio Santa Maria, os alunos do curso de psicologia da FAE, os alunos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC) e também conta com o apoio das secretarias de educação e de assistência social.
Para a coordenadora executiva do CPCE, Rosane Fontoura, o projeto é muito importante, pois “não existe sustentabilidade se não houver investimento na educação, valorização dos professores e a participação da família no acompanhamento escolar das crianças. O baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) de capitais e de milhares de munícipios da nossa federação abaixo de 5,0 reflete esta problemática”.